Na busca por desenvolver soluções criativas e tecnológicas, além de crescer e escalar, algumas empresas sequer percebem que são startups. Entendi que trabalhava em uma startup quando a empresa ainda não tinha consciência que poderia se denominar dessa forma.
O ano era 2012, eu saía da área elétrica industrial onde conheci a programação de micro CLP e migrava para a vida de programador Android. Naquela época, eu sabia que seria de extrema importância para nós a utilização de smartphones, pois na faculdade de ciência da computação já falávamos muito sobre esse assunto. Eu só não imaginava o quanto!
Pulando pra 2015, de desenvolvedor júnior evoluí para pleno. Naquela época, eu e toda a equipe (com outros seis programadores) sabíamos que a gente era uma “desenvolvedora de software”, um “laboratório de desenvolvimento”, no máximo uma “empresa de tecnologia”. Mas a gente não fazia ideia do que era uma startup.
Então, certo dia um fornecedor foi nos vender uma solução digital de gestão de projetos. Ele nos apresentou o seu MVP(1) e começou fazendo o pitch(2) do seu produto. Nos explicou que era uma plataforma SAAS(3) e que utilizava SRD(4) para seu crescimento, visando um modelo escalável(5) e replicável(6) do negócio, pois estava buscando um investimento Series A(7) para, se tudo desse certo, fazer um exit(8).
Sim, eu também não entendi nada na época. HAHA. Então pedi que me explicasse. E ele o fez tintim por tintim.
Fornecedor:
- “MVP é o Mínimo Produto Viável, um produto que não está 100% finalizado mas já resolve o problema do cliente.”
Nós:
- “Simm, a gente fez isso lá no início da empresa, vendeu para os primeiros clientes e depois foi melhorando.”
Fornecedor:
- “Pitch é uma apresentação rápida do produto, que visa mostrar a dor, o problema, a solução, o modelo de negócio, tudo de uma maneira simples, consistente e que seja de fácil compreensão.”
Nós:
- “Ahh, legal! O Paulo, do comercial, começa sempre falando da dor mesmo, para gerar empatia, e depois ele apresenta o que a gente faz para facilitar a venda.”
Fornecedor:
- “SAAS quer dizer software como serviço, ou seja, a gente vende um sistema como se fosse um serviço pra vocês e cobra uma mensalidade.”
Nós:
- “Sério? A gente faz a mesma coisa. Legal, nem sabíamos!”
Fornecedor:
- “SDR é a pessoa que agendou a reunião com vocês, percebeu uma oportunidade e qualificou o contato da sua empresa.”
Nós:
- “A gente tem isso, mas chama de pré-vendedor. Será que não é a mesma coisa?”
Fornecedor:
- “Escalável e replicável – essa parte é importante, gurizada! Isso nos torna uma startup, pois a gente já pensou em um produto que pode atender da mesma maneira muitas e muitas pessoas com uma equipe pequena. Assim, mesmo com mais clientes, não precisamos aumentar o número de funcionários na mesma proporção, como uma consultoria tem que fazer, por exemplo.”
Nós:
- “Poxa vida. A gente atende muitas imobiliárias com o mesmo produto e poucas pessoas. Será que somos startup? (Lembre dessa pergunta).”
Fornecedor:
- “Por último mas não menos importante, Series A, B, C são rodadas de investimento com investidores para crescer o negócio e chegar no exit, que é vender a empresa para alguém e ganhar muita grana.”
Lembro de pensar:
”Nossos chefes juntaram umas pessoas que investiram um bom dinheiro no negócio… Espero que eles consigam esse tal de exit.”
Infelizmente, não aconteceu com a gente e nem com a startup que o fornecedor nos apresentou aquele dia.
Claro que esse diálogo é super falso e não foi exatamente assim que aconteceu. Porém, o que não é falso é que vieram umas pessoas com uma linguagem completamente nova se chamando de startup. Eles olharam como a gente trabalhava e falaram que a gente era uma startup também, e isso nunca saiu da minha cabeça.
Mas afinal, o que torna uma empresa uma startup?
Hoje, quase 10 anos depois do ocorrido e depois de ter visto o pitch de quase mil startups entre os eventos de inovação e o processo de investimento da Capton, posso dizer o seguinte:
Acho que ainda não sei ainda. HAHA.
Brincadeiras à parte, uma startup é uma empresa pequena que busca a inovação, a escalabilidade e possui um modelo de negócio tecnológico, visando solucionar problemas ou criar novas oportunidades no mercado.
As startups se destacam por sua capacidade de crescimento rápido, adaptabilidade e abordagem disruptiva.
Com ênfase na inovação, as startups estão constantemente em busca de soluções criativas e diferenciadas, enfrentando desafios em um ambiente de incerteza, mas com potencial imenso de geração de impacto.
Espero que tenham gostado da história. Até a próxima, pessoal!